PERPLEXIDADE

18/05/2015 13:53

Veneráveis Superiores,

Foram necessários setenta e dois dias terrrestres para que ousasse enviar-vos este primeiro relatório. Rogo vossa paciência e benevolência porque compreender Brasilis não é uma tarefa fácil.

Esse é um local sui generis em que a população mostra-se predominamente ordeira, respeitosa, pacífica, cordial e extremamente conservadora de seu valores. Por outro lado, sua classe governante revela-se desordenada, rixenta, hostil e profundamente revolucionária. É espantoso que esta situação já venha se prolongando, como comprovado nos meus estudos anexos a este relatório, por mais de vinte anos sem que qualquer coisa interfira para promover um equilíbrio e dirimir este impasse. 

Este povo conservador não sabe se é "de direita" ou se é "de esquerda" como o declaram ser a classe governante e a classe política. O povo apenas expressa o desejo inarredável de ver respeitados seus valores e suas tradições, sendo acusado de extremista, reacionário e golpista pela tal de "esquerda". É isto mesmo, Veneráveis, o povo tem representantes que na verdade não o representa. 

No momento, povo e a tal de "esquerda" não conseguem falar a mesma lingua e me parece muito que a "esquerda" é surda além de completamente alheia à realidade. Veneráveis, a dicotomia é tão séria que este povo vota maciçamente em um candidato buscando derrotar a tal "esquerda" e o tal candidato declara triunfantemente: "não adianta me empurrar para a direita que eu não vou"

A situação jurídica também não é melhor.   Veneráveis, como exemplo do que acontece aqui, um senhor que escreve um blog humorístico (dados em anexo sob o título  Joselito Muller) é processado por "disseminar informação mentirosa"... A ironia dos fatos é que este senhor se defende dizendo que o povo é que não consegue distinguir a sátira da realidade. Não é verdade. Pelo que pude constatar, nestes mais de vinte anos de império das "esquerdas"  foram tantas leis, causas abraçadas e tomadas de posição que ultrapassaram a fronteira do absurdo e impensável que o povo foi despido do senso crítico que estabelece o limite entre a sanidade e a loucura, a sanidade e o delírio de seus governantes. Ele não reconhece a sátira como humor porque millhares de atos que comporiam a elegia de um insano são colocados em prática e se tornam leis. É a loucura vazia governando e desnorteando todo povo.  

Veneráveis, sei que toda esta é uma informação muito confusa que se torna complexa por ser completamente real e fidedigna aos fatos. Conto com vossa benevolência para com este humilde iniciante que vos relata apenas uma mínima parte do material acumulado até agora.

    Respeitosamente, 

Cincinatus Secundi  

 

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